Compositor da trilha de Angry Birds: "preciso entender do que o game precisa"

Abaixo você confere uma breve entrevista com Ari Pulkkinen sobre parceria com desenvolvedores de games para fazer uma trilha sonora para games, processo criativo, pirataria e como articula sua loja de música para compositores independentes. Ari é um músico e compositor finlandês que se tornou bem popular no mundo por suas contribuições sonoras para o game onipresente Angry Birds, que é sinônimo de smartphone e tablet.

Totalmente desconhecia Ari, até comprar há dois anos uma cópia para PC do jogo de plataforma indie Trine, feito pelos conterrâneos do nórdico. Achei tão bacana a trilha, que fui atrás de adquirir o áudio original no site do autor - www.aritunes.com - o que então me levou a entender que Ari foi responsável pela trilha de Trine, Angry Birds, Trine 2, Resogun (PS4) e outros games indie.

Confira e comente!

GamesGeniais: Como se sente em ter criado a trilha para um jogo que está praticamente em todo dispositivo móvel no mundo? Ainda é bacana ou você é assombrado pelos acordes de Angry Birds, bloqueando novas ideias?

Ari Pulkkinen: Este é um bom começo de conversa! Ainda é legal ver fãs por todo o mundo tocando a minha música. Estou bem imune a melodia, pois já criei 10 versões diferentes dela.

GG: Que tipo de discussão você tem com os desenvolvedores antes de compor uma nova trilha para um game?
AP: Nós falamos sobre o jogo, o design, a jogabilidade e o que o gamer deverá sentir com a experiência. Então nós começamos a buscar as referências apropriadas e uma vez que entremos em consenso, começamos a produzir as primeiras versões. Em geral, não há problemas se os desenvolvedores têm uma visão clara do que eles querem do game. Assim, preciso entender do que o game precisa.

GG: Como é o processo criativo? Você se tranca em um sótão, desliga todos os telefones ou vai para o cinema?
AP: Meu processo criativo é bem aberto. Gosto de começar sozinho, mas, quando chego à ideia certa, é possível que eu peça opiniões de início. Eu gosto de falar e focar no estilo. Uma vez que o estilo certo é encontrado, eu continuo a lapidar a música e faço mais trilhas.

GG: Você tem alguma sugestão sobre o que é informação essencial ao produzir a música certa para o game certo?
AP: É essencial:

• entender do que o game precisa
• definir apropriadamente a experiência e o estilo
• boas referências
• divertir-se!

Eliminar zumbis fica mais fácil com a trilha musical certa!

GG: Quais são os melhores métodos de distribuição de músicas na web? Steam e sites próprios ajudam o suficiente?
AP: Eu considero uma boa solução ter seu próprio website onde você pode vender música e, além disso, eu recomendaria distribuí-la por meio de serviços como iTunes, Spotify, Amazon, etc. Estou inciando as operações da AriTunes Records, onde planejo lançar música de compositores e bandas indie talentosas.

GG: Além de vender os direitos do seu trabalho para desenvolvedores, como você consegue lucrar com suas músicas na web?
AP: Eu recomendo fazer acordos inteligentes, que mesmo que levem você a perder os direitos, você deveria fazer um acordo para vender a música separadamente, seja como a trilha em si, ringtones ou a partitura. Dependendo do acordo, recomendaria compartilhar a receita metade-metade ou ao menos 70%/30%.

GG: A pirataria ainda é uma ameaça para desenvolvedores e artistas como você? Por favor, comente.

AP: A maioria das pessoas está disposta a pagar se o conteúdo for fácil de se obter e o preço, razoável. Pirataria de jogos e música caíram bastante depois que surgiram serviços como Steam e Spotify, mas ainda há muito para ser feito em relação a TV e cinema por meio do Netflix e outros serviços semelhantes.

GG: Você gosta de jogar? Se sim, qual é a conquista que mais te orgulha? Se não, a Rovio sabe?
AP: Eu sou um gamer. Sempre serei. Gosto de todos os tipos de entretenimento. Tenho muito orgulho do meu trabalho com a série Trine, mas tenho outros favoritos como Outland, Dead Nation e Resogun, recentemente.